Cheguei ao Tim Festival para assistir Daft Punk com muito medo de não ter os meus anseios atendidos. Eu estava esperando esse show há tanto tempo, e a cada nova crítica que eu lia, ou a cada novo vídeo que me mandavam, eu ficava mais fascinada pelo que vinha na frente. Mas lá, na hora H, esperando que as luzes se apagassem, eu pensava: "E se eu criei tanta expectativa que acabei estragando a minha noite por antecipação?" Não seria a primeira vez, e desconfio que também não seria a última do caso.
Mas todas as minhas ridículas dúvidas se desfizeram quando a pirâmide foi acesa. E depois, mentindo descaradamente, eu falava para os amigos que estavam em volta: "Eu sabia que ia ser assim". E sorria de felicidade - porque bons shows fazem a gente ficar genuinamente feliz. Olhava em volta e via tanta gente que, como eu, sorria para o palco, e pulava, e esgoelava as letras sem sentido e pensava: sou totalmente dependente disso.
Eu tenho um grande preconceito, um preconceito que não consigo me livrar, que é contra as pessoas que vivem sem amar músicas, livros e filmes. Não consigo entender o que faz levantar da cama alguém que só ouve, lê e assiste o que lhe é facilmente empurrado. Quer dizer, eu também adoro filmes blockbuster, com explosões e atores com bíceps deliciosos, mas isso é uma parte apenas, entende? Eu preciso de outra coisa, de satisfação interna, de beijos na alma aqui e ali, para que o dia-a-dia fique menos monótono.
E depois que eu saí do Daft Punk, tão acelerada que tinha cetreza que o taxista estava correndo enlouquecido no Aterro (coitado, ele só estava a noventa...), fiquei jurando pra mim mesma que nunca, em hipótese nenhuma, mesmo que eu seja mãe de trigêmeos, mesmo que eu vire uma esposa e mãe de família - sei lá, quando se tem quase trinta a gente pensa nisso... - eu nunca vou deixar de ter a minha alma beijada. É uma promessa de vida ou morte, e todos vocês podem cobrá-la de mim.
1 comment:
Cobrarei :)
Vi seu comentario no meu blog. Oba!!!
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