Friday, November 04, 2005

Viagem parte II - São Luís

Pra quem acha que o Rio é quente, São Luís deve ser tipo a casa de verão do diabo. Fica logo ali, na esquina da linha do Equador, e o sol faz juz à localização. É de rachar qualquer coco. Eu saí todos os dias usando filtro solar 15, boné e óculos escuros e, mesmo assim, quando me olho no espelho fico assustada com meu bronzeado. Há muito tempo eu não tinha uma cor assim tão... saudável. To adorando.

Mas a cidade é demais de maravilhosa para quem está de férias. O surpreendente é que neste polo turístico internacional que é São Luís do Maranhão só existe um hotel cinco estrelas. Perguntei pro Pituíba, nosso motorista-chaveirinho que calça 33, por que grandes redes de hotéis não vieram encher as burras de dinheiro na cidade. Ele me explicou que tudo o que existe de investimento no estado, e principalmente em São Luís, tem que passar pelo crivo do Sarney. Por "crivo" quero dizer que o Sarney tem que ter uma porcentagem, tem que ser sócio, tem que estar participando. Se não, nada feito.

O povo daqui é totalmente mixed feelings em relação a José Sarney: eles são gratos pelos avanços que o político trouxe, e ao mesmo tempo têm raiva porque ele bloqueia novos investimentos. Existe até a piada de que o livro que o Sarney escreveu entitulado "O dono do Mar" na verdade deveria se chamar "O Dono do Maranhão".

Fora esse pequeno detalhe do nosso ex-presidente, o povo de São Luís é incrível. Hospitaleiros, animadíssimos, participantes ativos de festas populares que pipocam o ano inteiro. Digo que é um povo incrível porque eles continuam comemorando e dançando e cantando no meio da grande pobreza que arrasa o estado. Mais uma vez, para quem acha que no Rio de Janeiro existe gente pobre, precisa conhecer Maranhão. É triste demais, e nós, classe média pseudo-européia do sudeste, não estamos preparados para ver meninos de 6 anos com dentes podres. Pra se ter uma idéia.

De São Luís, carrego ombros ardendo e vermelhos, bronzeado a la taxista (daqueles que tem a marca da manga da blusa, saca?), arroz de cuxá, um milhão de maneiras de preparar e comer camarão, Dona Lili - que aos 77 anos é considerada patrimônio cultural da cidade -, centro histórico, guias mirim, passagens subterrâneas que ligavam igrejas e pequenos bumba-meu-boi para dar de presente. Ah, que terra boa...

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