Tuesday, January 31, 2006

Chega de falar do sertanejo do msn!

O tal cara que fez a música sertaneja do orkut e do msn se deu bem. Mas os meus ouvidos não. O homem saiu em uma matéria do Dia, depois do Globo on line, depois foi pra home do iG, pro blog da Baxt, pra emails generalizados, até que conseguiu assinar com a EMI e aparecer no Faustão. E eu, que na primeira vez que ouvi a música achei bizarro e um pouquinho de nada engraçado, sou obrigada a escutar e escutar e escutar de novo aquele refrão chiclete e desafinado do tal do cantor.
O povo daqui do trabalho, gente muito simpática, diga-se de passagem, descobriu o homem HOJE. Não param de ouvir o novo hit, cada hora em um computador diferente. Gente, pelo amor de deus, essa notícia saiu semana passada!
Datou, né.

Se você se odeia, ouça a música aqui. (Devidamente roubado do blog da Baxt)

O dono dos melhores trocadilhos do mundo

Em uma tarde de sábado em que chovia a cântaros no Rio de Janeiro, eu e Luizinho conversávamos sobre um milhão de coisas que eu já não lembro mais o que eram. A gente chegou duas horas antes da sessão do Odeon começar - por culpa minha - e aproveitamos o tempo livre pra falar de nada. Nossas conversas eram intermináveis e divertidas, e a gente não falava sobre amizade, nem sobre o mal estar da civilização, nem sobre o dia depois de amanhã. E era por isso que era bom.

Houve um tempo em que eu tinha companhia para qualquer programa, e o nome dessa companhia era Luizinho. Nós dois sofríamos de uma mega dor de cotovelo, cada um com sua história, até que demos um chute nos nossos corações partidos e voamos para a diversão. Em qualquer furada, o Luiz me acompanhava, e vice-versa. Chuva à tarde no Odeon. Churrasco em um sábado de 40 graus em São Cristóvão. Festa na casa de alguém que tocava violão e a gente rindo na cozinha e atrapalhando o sarau. Momentos, momentos...

E agora ele está na Suíça, fazendo pós-graduação, mestrado e doutorado, aprendendo com aquele bando de europeu um monte de conhecimentos que ele vem trazer pra América Latina - you suckers! - morrendo de saudades da namorada (e eu estava junto quando eles se conheceram), querendo rever amigos e alugar um quarto e sala no Flamengo; lendo o meu blog entre um experimento e outro; cada vez mais parecido com o cantor do Smashing Pumpkinks, só que um milhão de vezes mais simpático; passando frio e testando a vida de pobre na Europa - que é tipo a nossa de classe média brasileira; falando que eu tenho que casar com meu namorado só porque os nossos sobrenomes combinados são bizarros.

Ai, céus, como eu ando sentimental. Deve ser porque não fumo há umas 30 horas.

Monday, January 30, 2006

Cada vez mais perto de 'O dia depois de amanhã'

Calorrrrrrrrrrrrrrr. Calor. Semana passada foi um passo em direção ao inferno: era aquela história de sair do banho e sentir a testa começando a acumular gotinhas de suor. Eu ajeitava o ventilador na minha direção, o vento direto no meu rosto, sem mexer um músculo do meu corpo, rezando por um ar condicionado no quarto. Ou então ligava o ar da sala, fechava todas as portas e janelas e mandavam o verão, praias, amigos, calçadão fechado e sorvete de frutas pra casa do cacete. Eu gosto de tudo isso, gosto mesmo, mas debaixo de alguma temperatura quinze graus mais baixa do que a que estava existindo no Rio de Janeiro.

Mas agora tudo mudou e eu quase tenho frio na minha sala de trabalho. Vai entender.

Mas que dá um medinho, isso dá. Quase todos os dias leio no jornal que o verão desse ano bateu recordes de temperaturas altas, e que estes recordes vêm sendo superados ano após ano, desde 1997. Ou seja: no final dos anos 1990 ficamos entregues ao calor escaldante e... ao fim dos tempos.

Sei lá se vai ser fim dos tempos. Mas todas as previsões catastróficas dos cientistas e ambientalistas estão se cumprindo. E se isso acontecer mesmo, o que é que a gente vai fazer?
Se eu pudesse escolher um filme de catástrofe específico para o fim da vida na Terra, escolheria 'O dia depois de amanhã". Porque nesse filme os Estados Unidos ficam congelados, todos os americanos saem correndo pro México e são barrados na fronteira (o que não deixa de ser engraçado), enquanto que aqui no Rio faz um friozinho gostoso, tipo de ligar a lareira, ou então fazer um boneco de neve na Praia de Botafogo. Uma coisa assim bem divertida antes de tudo ir pelos ares, entende?

Enquanto isso, ar condicionado. Muito. No máximo. Frio o suficiente para que eu use vários cobertores à noite.

Saturday, January 28, 2006

Uma das melhores cenas do cinema: A última Noite ('25th hour'), do Spike Lee

The 25th Hourwritten by David Benioff, from his novel

(Monty walks into the bathroom. He looks in the mirror. In the bottom corner, someone's written Fuck You!)
Monty: Yeah, fuck you, too.
Monty's Reflection: Fuck me? Fuck you! Fuck you and this whole city and everyone in it.Fuck the panhandlers, grubbing for money, and smiling at me behind my back.Fuck squeegee men dirtying up the clean windshield of my car. Get a fucking job!Fuck the Sikhs and the Pakistanis bombing down the avenues in decrepit cabs, curry steaming out their pores and stinking up my day. Terrorists in fucking training. Slow the fuck down!Fuck the Chelsea boys with their waxed chests and pumped up biceps. Going down on each other in my parks and on my piers, jingling their dicks on my Channel 35.Fuck the Korean grocers with their pyramids of overpriced fruit and their tulips and roses wrapped in plastic. Ten years in the country, still no speaky English?Fuck the Russians in Brighton Beach. Mobster thugs sitting in cafés, sipping tea in little glasses, sugar cubes between their teeth. Wheelin' and dealin' and schemin'. Go back where you fucking came from!Fuck the black-hatted Chassidim, strolling up and down 47th street in their dirty gabardine with their dandruff. Selling South African apartheid diamonds!Fuck the Wall Street brokers. Self-styled masters of the universe. Michael Douglas, Gordon Gecko wannabe mother fuckers, figuring out new ways to rob hard working people blind. Send those Enron assholes to jail for fucking life! You think Bush and Cheney didn't know about that shit? Give me a fucking break! Tyco! Imclone! Adelphia! Worldcom!Fuck the Puerto Ricans. 20 to a car, swelling up the welfare rolls, worst fuckin' parade in the city. And don't even get me started on the Dom-in-i-cans, because they make the Puerto Ricans look good.Fuck the Bensonhurst Italians with their pomaded hair, their nylon warm-up suits, and their St. Anthony medallions. Swinging their, Jason Giambi, Louisville slugger, baseball bats, trying to audition for the Sopranos.Fuck the Upper East Side wives with their Hermés scarves and their fifty-dollar Balducci artichokes. Overfed faces getting pulled and lifted and stretched, all taut and shiny. You're not fooling anybody, sweetheart!Fuck the uptown brothers. They never pass the ball, they don't want to play defense, they take fives steps on every lay-up to the hoop. And then they want to turn around and blame everything on the white man. Slavery ended one hundred and thirty seven years ago. Move the fuck on!Fuck the corrupt cops with their anus violating plungers and their 41 shots, standing behind a blue wall of silence. You betray our trust!Fuck the priests who put their hands down some innocent child's pants. Fuck the church that protects them, delivering us into evil. And while you're at it, fuck JC! He got off easy! A day on the cross, a weekend in hell, and all the hallelujahs of the legioned angels for eternity! Try seven years in fuckin Otisville, Jay!Fuck Osama Bin Laden, Alqueda, and backward-ass, cave-dwelling, fundamentalist assholes everywhere. On the names of innocent thousands murdered, I pray you spend the rest of eternity with your seventy-two whores roasting in a jet-fueled fire in hell. You towel headed camel jockeys can kiss my royal, Irish ass!Fuck Jacob Elinski, whining malcontent.Fuck Francis Xavier Slaughtery, my best friend, judging me while he stares at my girlfriend's ass.Fuck Naturel Rivera. I gave her my trust and she stabbed me in the back. Sold me up the river. Fucking bitch.Fuck my father with his endless grief, standing behind that bar. Sipping on club soda, selling whiskey to firemen and cheering the Bronx Bombers.Fuck this whole city and everyone in it. From the row houses of Astoria to the penthouses on Park Avenue. From the projects in the Bronx to the lofts in Soho. From the tenements in Alphabet City to the brownstones in Park slope to the split levels in Staten Island. Let an earthquake crumble it. Let the fires rage. Let it burn to fuckin ash then let the waters rise and submerge this whole, rat-infested place.
Monty: No. No, fuck you, Montgomery Brogan. You had it all and then you threw it away, you dumb fuck!
(He takes a breath and tries to rub away the words.)

Wednesday, January 25, 2006

A unanimidade é burra

Foi só o meu ex-chefe (do qual muito me orgulho) escrever um comentário ruim sobre Seu Jorge que o mundo veio abaixo. Na verdade, ele só encerrou o texto com uma farpazinha direcionada ao músico, e não dedicou um texto inteiro a acabar com a carreira do cara.
Mas não tem jeito. Nego sentou o pau nos comentários - o que deve ter feito, pelo que conheço do meu ex-chefe, com que ele caísse na gargalhada.

Seu Jorge virou unanimidade depois de Cidade de Deus. Que saco. A coisa mais chata é você não concordar com o que todo mundo concorda - seja sobre Seu Jorge, Central do Brasil, Gabriel Garcia Marquez ou Bukowisky.
Caramba, ninguém tem idéia do que eu já passei por não gostar de Bukowisky!

No fundo, no fundo, o mundo é Geisel.

Sonhos

Hoje o dia começou estranho, com um sonho que envolvia o Ronaldo Fenômeno, a minha psicóloga, a Baxt e meu namorado. Algo a ver com uma entrevista que a Baxt tinha que fazer com o Ronaldinho, e uma consulta de terapia em meio a um churrasco. Acordei atrasada, dei um beijo no gatinho e voei para a Barra, aparentemente à procura do que fazer.

Houve um tempo em que eu anotava todos os meus sonhos, e eles eram sempre uma historinha com começo, meio e fim, geralmente cheios de realismo fantástico a la Gabriel Garcia Marquez. Nessa época eu até tirava umas idéias para textos, escrevia uns contos que ninguém lia a partir de fragmentos de sonho, e talvez estas tenham sido as minhas melhores ficções.

Mas como tudo o que a gente faz bem uma hora ou outra a gente abandona, eu parei de anotar os sonhos e eles se perderam por aí. Muito de vez em quando eu lembro de uma história noturna, e quando tem alguém ao lado quando acordo eu relato as minhas aventuras.

Os sonhos dele são mais legais. É uma mistura de game e filmes de ação, tiros de laser e perseguições implacáveis. Muitas vezes eu estou no sonho também, atirando com minhas pistolas futuristas e fugindo dos bandidos muito malvados.
Acho que eu prefiro os deste tipo.

Tuesday, January 24, 2006

Chinesinha triste

2046 é um puta filme, mas eu facilmente tiraria 30 minutos do tempo final. Eu ando com essa mania de querer encurtar tudo que é filme que vejo, e não sei se isso é reflexo de ansiedade ou se minhas últimas idas ao cinema foram excessivamente longas mesmo.

Mas então, tem tanta coisa pra falar de 2046, tanta coisa que eu poderia ter adorado e nunca esquecido, mas o que realmente ficou foi a chinesinha do quarto da frente. A chinesinha que se apaixona pelo escritor e que, por causa disso, tem a sua vida mudada para sempre. Faz parte daquela história que todo mundo já conheceu uma vez na vida: o que significou para ela não significou para ele. Não chegou nem perto. E a menina carrega durante muitos anos dentro dela o peso do escritor mulherengo.

Tudo muito pequeno comparado com o que Jabor viu. Um dia, quem sabe, quando a minha cabeça não estiver mais ocupada em pensar um monte de baboseiras minúsculas, eu consiga enxergar 2046 da maneira como ele enxergou. Por enquanto eu só consigo pensar na chinesinha triste e chorando atrás da porta, torcendo para que com ela seja diferente do que foi com tantas.
As mulheres se unem em sentimentos iguais, e isso se chama visão estreita. E eu sofro disso.

Morangos Mofados

Como eu suspeitava, Caio Fernando Abreu escolheu o pior caminho. Ele deixou isso bem claro ao escrever uma carta pra um amigo jornalista que andava falando que queria lançar um livro. Ah, esses jornalistas e suas pretensões literárias sem noção... Um mal da faculdade de comunicação. Deveríamos metralhar todos os bacharéis em Comunicação Social que têm vontade de escrever um livro. Menos eu, é claro. Até porque provavelmente eu nunca lançarei nada. Vou ficar sempre ameaçando.

Monday, January 23, 2006

Love's a bitch

A gente vai envelhecendo e não aprende nada, né? Eu achava que ia me tornar uma velha sábia e etc, mas agora estou reparando que a velhice vai ser só artrite mesmo. Putz, até hoje não sei namorar. É uma droga escrever essa frase porque todo mundo fica pensando naquela horrenda música daquele grupo horrível que eu já esqueci o nome, mas a minha citação não é a eles, e sim à incapacidade de saber me comportar em realacionamentos amorosos.

Amar dá um trabalho... às vezes dá preguiça. Porque tem que ser suado, tem que ser construído à base de sangue, tem que carregar pedra nas costas. Não é nem um pouco parecido com todos aqueles desenhos da Disney sobre princesas lindas e magras e, caramba, a gente foi bombardeado com esse tipo de porcaria por anos a fio. Eu bem que adoraria encontrar um princípe encantado riquíssimo, que me fizesse ficar em casa sendo genial, ganhando presentes toda semana e trabalhando por hobbie. Hoje em dia assumo que adoraria cuidar do meu maridinho, marcar médico, arrumar a mesa de jantar, ajudar a escolher roupas e etc, contanto que recebesse em troca o mínimo do mimo também. Claro que isso é possível e viável, mas para que a história toda dure mais que um mês, é preciso de paciência... e sangue.

Não que eu não esteja insatisfeita, muito pelo contrário. Satisfação é o meu segundo nome. É que às vezes o ser humano complica muito as coisas. Na maior parte do tempo eu ignoro as complicações, mas quando se trata da sua cara metade, ficar blasé é muito mais difícil.

Ou então, talvez isso seja só reflexo de um feriado inteiro passado dentro do apartamento. Sabe como é, estava calor demais, e na casa do meu namorado tem DVD + internet banda larga + Net premium + ar condicionado. Sair pra quê?

Thursday, January 19, 2006

Quarta feira com amigos

Estou começando a achar que eu sou a Carrie Bradshaw, só que dez quilos mais gorda e com menos dinheiro que ela. É que, apesar de estar namorandinho e tudo e tal, me vejo fácil com trinta e poucos, solteira e saindo à noite todos os dias, com amigas igualmente solteiras e com mais de trinta.

Mas enquanto os trinta e tal não chegam, eu continuo levando a vidinha de sempre... à noite. Ontem resolvi praticar um exercício que se chama "sair sem o namorado". Não foi nada planejado, mas acabou surgindo uma festa de rock com amigos dos tempos da escola, e eu vi uma boa oportunidade de colocar o meu exercício em prática. É que tenho uma tendência muito grande a ter "preguiça" de sair sem namorado, o que é realmente ridículo e condenável para alguém que, como eu, possui uma enorme agenda de telefones.

E lá fomos nós para Copacabana fingir que somos adolescente. Uma coisa que eu adoro em festas de rock é que posso exorcizar muitos fantasmas e raivinhas inúteis cantando alto as músicas que embalam minhas madrugadas desde que eu me entendo por pessoa freqüentável de boates. As músicas são basicamente as mesmas, apesar da nova geração que, a cada ano, comparece às noites dos inferninhos. E isso me deixa feliz.

Tanited love é bom de cantar alto. Candy é bom de cantar alto, principalmente na parte da Kate Pierson. Cannonball, Bull in the heather, Enjoy the silence... Todas as queridas musiquinhas da minha jukebox noturna são bem vindas quando eu preciso exorcizar.

E, deus, estava precisando de expulsar essa coisa ruim do meu corpo. Andei meio possuída por esses dias, mas agora estou novinha em folha, só um pouco cansada demais pra sair hoje, em plena véspera de feriado no Rio, cheia de promessas de festas imperdíveis. Estou cansada, precisando dar um relax, mas, adivinha? É óbvio que isso não vai acontecer.
Que praga.

Wednesday, January 18, 2006

Joana a contragosto

Foi com um ceticismo característico que eu peguei o livro de Marcelo Mirisola emprestado. Uma amiga chegou dizendo que era tudo de bom, que eu tinha que ler, que adorava o Mirisola e que ele era sujo e ogro e, por isso mesmo, imperdível. Fiquei cética porque ando meio de saco cheia dessa literatura maldita que tanto está em voga, essa coisa de gente que lê Bukowiski e genéricos e depois escreve como se fosse mega underground, mas que na verdade não suja a camisa que veste com nenhuma gota de vômito pós-bebedeira. E, nas primeiras vinte páginas, aquelas que são imprescindíveis pra que o livro seja aceito ou não pelo leitor, eu achava que o tal do MM estava fazendo tipo de deprimido pelas ruas de São Paulo. Mas aí o livro era bem escrito e tal, e eu acabei indo em frente, e hoje - logo hoje - eu vou terminar a obra.

O lance é que ele se apaixonou por uma menina - a tal da Joana - que não queria mais nada com ele, o que fez com que o cara descesse ladeira abaixo na dor de cotovelo. Achei engraçado a grande diferença da dor de cotovelo feminina para a masculina: a primeira é cheia de lágrimas e deprezinhas infantis por a vítima não ter achada o príncipe encantado ainda, enquanto que a segunda lamenta a perda da esposa, mas também do sexo bem tratado. O livro me ensinou que homem chora por amor e também por sexo da mesma forma e na mesma intensidade, e que os dois andam muito mais juntos do que a gente imagina.

E fiquei com inveja de não poder escrever desse jeito. Essa é a razão do texto anterior sobre a inveja que eu sinto dos homens: por mais que eu já tenha sentido, tantas vezes, algo parecido com o que Mirisola sentiu, nunca poderei usar as mesmas palavras que ele usou para descrever o sentimento. Não posso porque não consigo, porque amigos e namorado lêem o blog, porque já, uma vez, escrevi um texto com a palavra 'boceta' e publiquei, para logo depois apagar por não ter agüentado segurar a reação que essa palavra tem nas pessoas.

Sim, eu sou uma patricinha. No fundo, no fundo.

E aí Mirisola me deu vontade de escrever um livro e de sair do fácil contexto que é ter um blog. Me deu vontade de me trancar no quarto e deixar correr sangue na ponta dos dedos - e eu nunca, nunca mesmo, suei a camisa para escrever nada. Meio que sai sem eu ter que pensar.

Tem gente que acha que Mirisola é um babaca, e ele deve mesmo ser. Mas o que realmente me importa é que ele fez com que eu pensasse de novo. Eu que andava tão adormecida. Eu que andava carregada pela correnteza. Logo eu, às portas dos 30, sentindo muito forte o peso de se ter 30 anos.

Isso faz com que eu me lembre que tenho que parar de fumar em breve. Mulheres de 30 que fumam e usam anticoncepcional podem ter doenças coronárias. Agora a minha saúde passou a ser preocupação.

Tuesday, January 17, 2006

Inveja dos homens

Completamente fudida. Fudida e com raiva, porque uma mulher não deve usar termos chulos em textos. Eu me sinto culpada cada vez que escrevo um palavrão, mas tenho muita inveja dos homens, porque eles podem ser baixos e vulgares, e é até glamuroso que eles sejam assim. É charmoso ser homem e ser underground, enquanto que as mulheres devem ser sempre anjos caídos, virgens inatingíveis, puras, preciosas. Só que eu não sou preciosa, nem pura, nem um anjo caído, eu sou da pior espécie de humano passível de existência, e tenho que controlar os meus impulsos vãos em nome dos costumes.

Estou fudida. Preciso fazer alguma coisa da minha vida com urgência, antes que o piloto automático se estabeleça de forma irreversível, e eu fique presa nos dias confortáveis e iguais. Mas, afinal, o que é mais válido? Uma felicidade tranqüila ou uma mente inquieta?

Gostava de dizer que, já que temos apenas uma vida, qualquer decisão que tomamos é a correta. É bom pensar dessa maneira, mas já não tenho tanta certeza se o que eu dizia faz sentido.

Tudo isso é culpa do Mirisola e do menino do fotolog. Foram eles que fizeram a história toda voltar à tona...

Monday, January 16, 2006

Viva a análise

Parece ser um problema quando você começa as frases com "minha analista acha que eu...". E eu tenho começado muitas frases minhas desta maneira. É estranho, porque faço análise desde os 19 anos e só agora, burra velha, fiquei com a mania de falar de psicologia pros meus amigos. A parte boa é que a maioria deles não acha o papo chato, já que quase todo mundo faz análise também. Quando começo a frase com "minha analista acha que eu...", o outro continua "já a minha acredita que..."

Quando comecei a freqüentar uma psicóloga, eu era a única da galera. Quis porque já estava de saco cheio de internalizar um monte de loucuras, e queria muito explicar pra alguém o que eu achava da vida. Alguém que, obrigatoriamente, teria que me ouvir por uma hora. Passados quase dez anos (faltam alguns meses para que sejam dez anos completos!), são poucos os do meu círculo de convivência que sobrevivem sem uma ajuda profissional. Mesmo os amigos mais durangos conseguem descontos extraordinários para tratar do que se passa na cachola, ou deixam de tomar chopes e comprar roupas ou fazer o que quer que seja. Porque tudo se torna não prioridade quando comparamos com a necessidade de cuidar da nossa mente futuramente sã.

Eu gosto de fazer análise, mas quando chego no consultório, só levo bronca. Minha analista é mestra em enumerar muitos dos meus defeitos, e em raras ocasiões ela faz um elogio. Eu poderia estar acostumada à crítica ferrenha, mas na verdade não estou. Cada vez que tenho uma consulta que eu sei que o bicho vai pegar, começo a sessão com "você vai querer me matar, mas eu..." E aí o bicho pega mesmo.
E quando eu brigo com meu namorado ela fica do lado dele em 95% dos casos.

Mas eu juro que gosto de fazer análise. Por que outra razão eu pagaria à minha analista o equivalente ao aluguel de um moquifo na zona sul?
Eu só queria saber se um dia eu vou conseguir realmente me curar das neuroses. será que Freud já deu alta pra algum paciente?

Despedida

Ando deveras irritada com fotologs.... Acho que é porque não tenho mais o que fazer e então fico navegando no flog dos outros, só pra descobrir - com raras exceções - que é tudo a mesma porcaria, sempre. Mas o que exatamente faz com que as pessoas tenham fotologs? É auto promoção? Se for, que tipo raso de propagando de si mesmo... Coisa que me deixa com menos paciência ainda.

Tem outra coisa também: não sei fazer cara de sexy. Já tentei muitas vezes, mas não consigo e pronto.

Por essas e outras razões, estou desativando o meu fotolog. Mas não poderia fazer isso sem mandar todo mundo se fuder. É só por essa semana que a foto continuará on line, então quem quiser que veja agora.
Porque se eu saísse dessa merda sem deixar um recadinho, não seria eu mesma.

Friday, January 13, 2006

Gelo

Queria congelar esse momento. Esse instante exato em que tudo parece perfeito: os livros, a música, a temperatura e a pressão; uma cama que não é a minha em um quarto que não é o meu e que, mesmo assim, faz com que eu me sinta confortavelmente em casa. Queria poder parar o tempo, mas sei que se tivesse essa habilidade, logo logo me encheria, bocejaria de tédio, procuraria outro interesse. O problema não é eternizar o momento, eu acho, é manter a sensação.

Sou viciada em pequenos acontecimentos, em novidades de cinco em cinco minutos, em pequenas polêmicas internas. Já quis, é verdade, tentar viver com a menor das necessidades do mundo. Mas sou gananciosa por informação, frenética e neurótica, uma pessoa que tem uma idéia muito controversa de paz.

Se eu pudesse eternizar a sensação, faria o seguinte: iria até ele, sentaria em seu colo e falaria que ele foi uma grata, uma bela surpresa. Mas não faço nada disso porque sei que não posso controlar nem o tempo, nem os sentidos, e que os meus sentimentos são sempre os primeiros a se dispersar. Então me mantenho calada.

Pista

Cinqüenta por cento de chances de esta ser uma noite interessante. Começa sempre com a promessa de prazeres sem limites, e termina sempre na esperança de que chegue o outro sábado. E, assim, nunca termina. Um círculo de paraísos de estrobo, gente magra demais e roupas de cinco dígitos.
Que sono.
Eu tenho essa coisa de ficar cansada bem cedo. De querer dormir cedo, e acordar cedo, e depois querer sair do apartamento. De andar pelo calçadão da orla procurando no sol o que eu não tinha achado à noite. Mas durmo tarde e acordo cedo e aí o resultado são essas olheiras eternas e esse sono contínuo.
Quando comecei nas pistas a história era mais diferente. Não sabia que os comportamentos se repetiriam tanto quanto as músicas. Fazer o quê, não sou mais adolescente. E, de alguma inexplicável maneira, ainda me mantenho viciada nisto aqui.

Romântica de 1,99

Quando nada acontece no trabalho, todos os dias são sexta-feira. O que é realmente um saco, posto que se perde aquela expectativa de chegada do fim de semana, com todas as programações e possibilidades que, no meu caso, nunca se realizam. Comigo é muito comum eu montar uma logística de festas e chopes com amigos tão apertada que no final eu não chego a cumprir nem o primeiro compromisso da lista. Penso que não vai dar tempo de atender a tanta demanda e acabo optando por alugar um dvd em casa com um copo de vodka com coca-cola e um namorado.

Se bem que hoje rolou a possibilidade de um programinha interessante e mega piegas: assistir ao pôr do sol na praia, às 19h30, quando a lua vai nascer exatamente no mesmo horário. Às 3h45 da manhã recebo uma mensagem de texto convidando para o anoitecer a dois, mas fico tão puta por ter sido acordada àquela hora que só respondo: "Você é completamente maluco." Demorei pra dormir de novo, e quando acordei estava com um baita mau-humor por ter tido o meu sono de beleza interrompido daquele jeito.

Acontece que essa foi, talvez, uma das maiores traições de mim para mim mesma. Proclamo aos quatro ventos que adoro romantismo, que o mundo deveria ser feito de mais rosas vermelhas e caixas de bombom, e quando finalmente alguém me faz um convite à altura das minhas esperanças românticas, eu acabo com o clima com uma simples frase. Tadinho. Se eu fosse ele, nunca mais seria fofo. Isso é pra eu aprender a dar mais valor a quem está do meu lado.

Thursday, January 12, 2006

Ainda existe gente legal

Me interesso quase que totalmente por gente sem máscaras. Nas poucas vezes em que conheço alguém assim, fico absolutamente fascinada, quase até com uma certa dose de inveja, intrigada em como alguém consegue ser daquela maneira. Acho tão difícil e tão heróico se despir de máscaras que tenho essa tendência a acreditar que estas pessoas são espécies de seres iluminados. E fico querendo ser amiga delas, que nem quando eu tinha dez anos e queria andar com a galera de quinze. Obviamente nunca dá certo.

Em contrapartida, morro de tédio de toda essa gente que veste um personagem. Fica tão na cara que aquilo não passa de encenação de uma noite que eu me pergunto se ninguém mais repara na falcatrua a não ser eu. Descobri que sim, só eu reparo, e isso se dá apenas por um detalhe: eu quero ver. Não que eu seja mais inteligente ou mais observadora que a maioria da humanidade, mas simplesmente já deixei pra trás há muito tempo a vontade de me enganar com posers.

O problema é que tem pessoas demais no fingimento. Ontem foi um dia em que, de repente, me vi cercada de uma galera legal. Céus, há tempos eu não me encontrava nessa situação, de vontade genuína de levar um papo com aquelas pessoas, sem ter que procurar no fundo do bolso conversas sobre amenidades só para quebrar o silêncio. Houve uma época em que eu deixava o silêncio incômodo correr de propósito, me recusando a falar sobre o tempo com gente com quem não tinha papo. Mas depois de uns anos você acaba entrando no jogo, eu acho, e então quando percebe está conversando sobre efeito de drogas e festas e o jeito como não sei quem dança. E, internamente, você tem vontade de ler algumas linhas do primeiro clássico que vê na frente.

Mas ontem não foi assim. Talvez toda a minha impaciência tenha sido amainada com doses de álcool, mas talvez também não seja essa a questão. O lance é que se tratavam de pessoas legais. E é ótimo descobrir que, apesar de todas as evidências contra, elas ainda existem em algum lugar por aí.

Wednesday, January 11, 2006

From Hell

Outro dia eu vivi uma noite dos infernos. Daquelas com muitos cigarros e telefonemas de madrugada para ouvidos de plantão, de insônia, de vontade de retomar a sanidade. Agora, depois que a noite passou e que eu sobrevivi, tenho vergonha de tanta loucura, e um desejo imenso de que tenha aprendido alguma coisa com tudo aquilo. Mas isso é só uma maneira de auto enganação: o ser humano é o único animal que põe o dedo na tomada, toma um choque, e depois coloca a mão ali novamente. Os ratos são mais espertos que nós.

Há muito tempo eu não tinha uma noite dessas. Estava tudo tão controlado, tão aconchegado na palma da minha mão, que eu acreditava que infernos já não faziam parte da minha vida. Que tolinha. E agora, além da vergonha do drama inventado, há um certo orgulho. Bem lá no fundo. Uma felicidade de constatar que eu sou capaz ainda de perder o chão, de ir parar no Pinel, de tomar remédios tarja preta. Não, amigos, nem tudo é previsível aqui.

A previsibilidade é um dos aspectos mais tristes da vida. Tá certo, eu odeio infernos pessoais, odeio noites mal dormidas e, mais do que tudo, odeio me comportar como fazia há dez anos.
Mas nada me tira o prazer de me surpreender comigo mesma.

Friday, January 06, 2006

Melancolia pós-coito

Sou só eu ou todo mundo no fim de ano fica mais melancólico? Comigo a coisa é barra pesada: análise com alto nível crítico de todos os meus defeitos, seguida de culpa cristã por não ter melhorado nada durante o ano que passou, constatação de que faltam apenas dois anos para chegar aos trinta (ainda ganhando muito menos do que eu tinha imaginado aos 16 anos para esta época da minha vida), inquietação mediante a possibilidade de não ter onde passar o reveillón, mesmo quando no fundo é sabido que SEMPRE aparece a melhor festa da minha vida nos 45 do segundo tempo, medinho do que vem no ano que começa, medinho do que não vem no ano que começa, medinho de mudar, medinho de ficar na mesma. Muitos medos pequenos.

Posso dizer bastante consciente de que eu fico péssima nets aépoca do ano. Mas na virada eu sou a pessoa mais feliz do mundo, a que acha que está no lugar certo na hora certa, sabe como é? Efeito dos fogos de artifício.

Enquanto isso, percorro fotologs e descubro que é tudo a mesma coisa. Outro dia vi um muito interessante, de um menino igualmente interessante, que mora em Londres e aparentemente já experimentou todos os tipos de drogas. Não, não é por isso que ele é interessante, mas sim pela maneira como enxerga as coisas, um jeito incômodo de aceitar a relidade e de aproveitar pequenas colheradas de acaso no meio da rua.

Eu já fui que nem ele, juro que fui. Quando saí da faculdade eu ainda era assim. Ainda me pergunto como foi que me trsnformei em uma cópia feminina do meu pai.
Saudades daquela época.